domingo, 29 de maio de 2011

Senta-te aqui, vou-te contar uma história.


- fala-me de histórias de amor.
- queres saber uma minha?
- conta-ma, tenho tempo; fala-me de uma história tua ou fala-me só de histórias de amor.
- não é bem uma história que tenho para te contar, é mais uma lição. 
- serve perfeitamente.
- (...) e no fim, ela seguiu em frente com a vida dela como se eu não tivesse existido. E eu, andei por muito tempo a bater com a cabeça nas paredes porque não conseguia seguir em frente. Pensava muito nela, sabes? Foi duro. Muito. Mas consegui ultrapassar. Hoje estou mais crescido e talvez tenha aprendido uma grande lição: a de que não se deve entregar a ninguém o coração de bandeja. Podemos vir a magoar-nos muito, embora sempre acabe por passar.
- obrigada pela história. E, sim, eu acho que todos vamos aprendê-lo, de uma forma ou de outra, que de bandeja não se deve entregar aquele que por desígnio de loucura ou mero acaso é o nosso órgão vital. Por uma razão que me é em parte ainda desconhecida, parece que não sabemos viver sem ele; ainda que com tanto tombo, o meu desça muitas vezes ao estômago.
- é bem verdade, mas eu pensava que era já tao crescido e cometi um erro destes.
- às vezes, vemos o mundo já de muito alto, que de tão alto que estamos e de tão crecidos que somos, esquecemo-nos o quanto as rasteiras nos atraiçoam. Mas, ultrapassamos sempre. Fazemos do coração vísceras, fazemos do orgulho tábua de salvação, fazemos do vazio atulho. Fazemos o que for preciso para sair desse buraco onde nos afundamos cada vez mais, mas o buraco desfaz-se tanto que às vezes paramos simplesmente e içamos o braço. Que nos puxem se quiserem.
- tens razão.
- adiante, sabes qual é o teu problema nos corações? É que o teu tem pele de bebé. E os da maioria têm pele seca. As pessoas são assim: esquecem-se de os hidratar. E quando tentam dar-te um banho de afecto esquecem-se que tu precisas de johnson, para não arder nos olhos. Talvez porque elas já se habituaram a qualquer um, já usam até aqueles que não lhe são indicados. Para mim é assim.
- uau, aplica-se mesmo.
- já o meu problema é ter um coração cor-de-rosa. É estranho. Têm medo de tocar. Às vezes, esticam a mão de medo. Ficam como os patos quando lhes estendes um pedaço de pão, numa postura ambivalente, esticam o bico e afastam o rabo. É mais estranho que o meu coração, mas isto digo-o eu. O pior é que neste jogo do chega-afasta, deixam muitas vezes cair o meu delicado cor-de-rosa. E para mim, o coração é para agarrar com as duas mãos. Com os pés se for preciso, junto à barriga, mesmo que ele te faça cócegas; porque as borboletas, mais dia menos dia, vão sair-te pela boca e tu vais querer continuar a sentir-lhe o gosto. A sentir esse frenesim na pele.
- sabes, eu começo a pensar que não existe uma pessoa que saiba cuidar do meu coração, realmente, como deve ser. Desferem sempre algum machucado. E isso deixa-me um bocado triste.
- e eu ainda acho que muita gente usa Johnson. Tens de cheirar, pôr o nariz no ar para ver. E quando abrires os olhos só para confirmar, tens de sentir na pele. E quando tocares na pele, tens de trabalhar o paladar. Não tens de usar ou oferecer todos os teus sentidos de bandeja, não tens que mostrar o teu baralho todo. Tens de deixar que por um, ela aceda ao outro, e que os trunfos sejam lançados não como isca que furta o rio mas como presente que se lança ao mar. Mas tu vais saber fazê-lo. 
- espero que sim.




Patrícia Ruivo. http://simulacrosdoser.blogspot.com/



sexta-feira, 27 de maio de 2011

A lanterna dos afogados.









"Te esperei na lanterna dos afogados,mais voce não veio me salvar"

Ali naquele local ela lembrou de tudo que havia acontecido,de um passado bem recente. Retomar tudo aquilo ali naquele local era muito doloroso pensou,mas era fundamental pois só assim ela conseguiria suportar o frio,a escuridão e o medo.Lembrou de um verão distante que tinha sido um dos melhores verões da sua vida,lembrou de um banco de uma praça qualquer onde um pedido junto com uma testemunha ressoava em seus ouvidos,lembrou dos meses distantes em que pensou em desistir e foi convencida por uma voz do outro lado da linha dizendo que aquilo que ela estava pensando ser duvida era só medo ,e que ia ficar tudo bem.Horas tardias da noite que chegavam a tema de musica do Matt Wertz.As lembranças vinham agora fortes como a água salgada batendo em seu rosto,lembrou da visita que ela não acreditava chegar mais foi,dos abraços demorados,da urgência que se fez presente no carro em uma noite estrelada,das perseguições policiais imaginarias,e de tanto episodio feliz ou tosco que já tinha passado junto do tal outro lado da história.Vieram crises é outros medos,chegaram carnavais e quarta feiras de pura cinza,mas junto com o choro também veio a decisão de diminuir a distancia geográfica, veio a mudança de cidade é de estado de alma,ela enfim decidiu remar junto,tomar como seu o barco que já tinha passado por tanta tempestade,já havia entrado água, haviam aparecido monstros marinhos,mais ele ainda não tinha afundado,decidiu se dedicar é não ter mais medo de o barco afundar,mais eis que veio a surpresa,o barco ganhou outro membro,um terceiro tripulante estava a caminho,foi acidental mais mesmo assim havia espaço mesmo que não planejado para ele.Foi ae que o segundo tripulante começou a mudar,a ter crises de personalidade é a querer espaço demais,ela que carregava o tripulante novo precisava se sentir segura em meio aquela tempestade,lembrou de um tempo em que o barco se encontrava em águas calmas e dias ensolarados,lembrou de promessas feitas por parte do segundo tripulante e de todos os planos que haviam feito para a chegada do terceiro tripulante.Ela não conseguia entender o motivo de tudo aquilo e perguntava ao tripulante por que ele estava agindo de tal forma,começaram uma briga onde as culpas e motivos foram apontados. ele olhou pros lados e confuso com tudo aquilo enxergou uma ilha bonita e que possuía outros tripulantes que pareciam  felizes por terem abandonado seus barcos,então ele tomou uma decisão que no momento parecia ser a mais agradável (e não a mais correta) e em seguida pulou do barco remou até a ilha e foi amparado por outros viajantes que assim como ele não possuíam o senso de direção. Ela mesmo cansada ainda se agarrava a destroços em meio ao barco afundando querendo salvar aquilo que ela acreditava ser muito valioso,mais quando olhou para o lado em busca de ajuda se viu sozinha,e viu o outro tripulante nadando alegremente a uma ilha sem olhar pra trás e com um sorriso no rosto,ela viu ele chegar a ilha e ser amparado e exaltado como se fosse ato heróico pular de um barco em meio a uma tempestade com dois tripulantes que dependiam dele.Ela entrou em desespero quando viu ele festejar e expor toda a aventura da viagem a desconhecidos que  assistiam  de camarote a sua luta e riam de seu esforço inútil para deter o naufrágio.Sem forças ela largou o ultimo pedaço do barco que estava entre seus dedos é se deixou afundar,ele vendo a cena gritou para ela nadar ate a lanterna dos afogados que ele iria salva-la.Ela reuniu todas as forças e nadou até a lanterna dos afogados e era La que ela se encontrava naquele momento,foi esperando que ela lembrou do inicio de tudo,e foi La que ela viu que o mais importante de tudo isso ela não havia perdido,estava ali dentro dela meio prejudicado indiretamente por todo o naufrágio pois eles compartilhavam tudo pela placenta,mais ele estava ali mexendo forte e foi por causa dele que ela tomou uma decisão,já cansada de esperar ser salva reuniu forças e soltou a lanterna dos afogados e viu que depois da tempestade veio um mar calmo,ela sentiu intimamente a força do terceiro tripulante dentro dela e nadou ainda com medo,deu algumas braçadas e viu o horizonte,mesmo em meio as ondas ela se sentiu confiante pra nadar.O segundo tripulante que estava na ilha dos prazeres como assim era chamada viu a luta dela para nadar,e com as mesmas falsas promessas gritou pra ela esperar na bóia que ele ira salva-la,mais seu esforço foi inútil,ela a cada braçada se sentia mais forte e motivada para remar pra longe daquilo tudo.Ela já não precisava de um barco naquele momento,so da esperança de dias melhores e da certeza de dar tudo de si para que o terceiro tripulante se senti-se seguro e feliz ao seu lado,e que juntos eles dois construissem um barco bem mais seguro que o primeiro.E ela continuava nadando mais agora com o coração leve,e em paz,por ter a certeza de que tinha feito tudo para salvar o barco,se ele afundou não era culpa dela,a história não termina aqui,e os personagens esses ainda tem muita aventura pra viver,e eu prometo contar tudo a vocês.

                                                                                                                 

Hany Galvão.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Desperta-te e vive.


“Hoje eu acordei numa casa diferente, num quarto diferente, sem nenhuma muleta, sem nenhuma maquiagem, meus amigos estão ocupados, meus pais não podem sofrer por mim. Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coração, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar. Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz”

" As coisas boas chegam com o tempo. As melhores de repente.
espere garota,os seus dias de tristeza estão com data marcada 
para o fim."

quinta-feira, 19 de maio de 2011

"O" cara é um cara.



É só um cara. Não o céu cheio de estrelinhas que voce tanto gosta. Nem o sustentáculo de todos os ossos de seu corpo, tampouco o mármore onde está gravada a suprema razão de sua existência. É só um cara.
E quer mesmo saber? É um cara como todos os outros caras.
Esse que te perguntou as horas no meio da rua – podia ter sido ele e você nem ligou. O mendigo, o ginecologista, o padre, o vendedor. Ele estava ali o tempo todo. E ele não estava. Ele é só um deles. Vários. Uma legião. E ninguém.
É só um cara. E não a sua vida. E não todos os dias da sua história. E não todas as suas lágrimas juntas nesse seu momento de dor. Ele não é o destino. É um cara. Existem muitos destinos.
Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios amigos. Não sabe dizer a verdade. Não sabe que nome daria a um filho. Não pode ficar mais tempo. Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou. E perdeu.
Ele é só um cara. E você já esqueceu outros caras antes.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A bela e o burro!





Ontem depois que você foi embora confesso que fiquei triste como sempre.
Mas, pela primeira vez, triste por você. Fico me perguntando que outra mulher ouviria os maiores absurdos como eu, e, ainda assim, não deixaria de olhar pra você e ver um homem maravilhoso.
Que outra mulher te veria além da sua casca? Você não entende que está perdendo o paladar para o que a vida tem de verdadeiro e bom. É tanta comida estragada, plastificada e sem sal, que você está perdendo o paladar para mulheres como eu. E você não sabe como vale a pena gostar de alguém e acordar ao lado dessa pessoa, ouvindo ela respirar quietinha enquanto dorme, linda. E quando você dorme quietinho assim, eu sei que, apesar de eu não abalar sua vida em nada, você precisa de mim.
Você não sabe como isso é infinitamente melhor do que acordar com essa ressaca de coisas erradas e vazias. Ou sozinho e desesperado pra que algum amigo reafirme que o seu dia valerá a pena. Ou com alguma garotinha boba que vai namorar sua casca. A casca que você também odeia e usa justamente para testar as pessoas "quem gostar de mim não serve pra mim".
E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida.
E você me olha com essa carinha banal de "me espera só mais um pouquinho". Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu. E sempre volta. Volta porque pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem.
Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, quando precisa se sentir especial e amado, é pra mim que você liga. E, quando está longe de casa gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa. Eu sei de tudo. E eu passei os últimos anos escrevendo sobre como você era especial e como eu te amava e isso e aquilo. Mas chega disso.
Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procura. E do quanto a sua felicidade sem mim deve ser pouca pra você viver reafirmando o quanto é feliz sem mim e principalmente viver reafirmando isso pra mim. Sabe o quê? Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto.
Bastante assunto. Eu não faço desfile de moda todos os segundos do meu dia porque me acho bonita sem precisar de chapinha, salto alto e peito de pomba.
Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos. Também sou convidada para essas festinhas com gente "wanna be" que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser. E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado.

Tati Berbardi.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Despedida.


 "Hany quando sair de lá não quero que olhe pra trás: corra! Corra e deixe pra trás aquele lugar que enchera teu coração e agora o fez apertado. Tua alma continua grande e você há de sobreviver. Respira e não deixa desabar. Conta até três,Hany , e engole o choro. É forte, sempre foi. Apaga os planos que escreveu no caderno e entende que as coisas precisam acontecer pra todo mundo. Deixa a rebeldia e escolhe. Fica e vai sofrer calada, mergulhada em tarefas que nunca acabam pra não perceberem tua face lavada de lágrimas. Vai, coloca um ponto final, mas sobe na plataforma franzindo as sombrancelhas e desvinculando o sentimento. Aprende de uma vez que não se abraça o mundo de uma vez só. Aprende que só se é prioridade pra quem morreria por um sorriso teu. Sorri,Hany , sorri e agrada quem te dá ombros. E que ninguém seja importante o suficiente pra te chatear. Crê no teu privilégio, na tua grandeza.
Agora vai! Aprende suas coisas e continua escrevendo no punho o que a mente precisa saber: repete três vezes enquanto caminha.Hany, enxuga esses olhos. Depois limpa as mangas.
Vive, Hany, vive. Você há de levantar a cabeça e de sofrer novamente. Esqueça a caixa de correios e se perca onde só os sonhos te encontram. Corre, Hany, e volte com o que é teu!"