Mais uma vez ele veio me buscar, tem um sorriso confiante de
quem vai me levar mais longe dessa vez, seguro de si e de mim. Aperta minha mão
e me tira tranquilamente do meu corpo em apenas segundos, que poderiam durar
toda uma eternidade, não sei de mais nada vivo apensas em função daquele
momento do dia, o momento mais mágico de todas as minhas milhares de vidas
passadas.
Dessa vez estamos em um castelo, ele me mostra todos os
segredos escondidos, os sussurros reprimidos e os amores destemidos, me faz entender
o por que de eu nunca ter me encaixado em lugar nenhum, ele me mostra que eu
pertenço a outra era, e que minha alma já cansada dos cotidianos se desprende
de mim com tanta facilidade para aquele universo paralelo. Sei tudo sobre
aquele lugar que acabei de chegar, sei quantas pedras foram necessárias para
montar a lareira, sei que o cálice que é me servido já pertenceu a um rei, e
sei que ele esta ali pra mim, por mim. Isso me assusta, por que minha alma
parou no tempo? o que me faz voltar sempre aqui ? me sinto tão deslocada do
mundo real agora que nada mais importa, sento ao seu lado e escuto suas
narrativas épicas de como atravessou a morte pra me encontrar,e nada mais
precisa ser entendido aqui, nada mais
precisa fazer sentindo, tenho que ir , sinto que preciso sair já se passou
tempo demais, mais voltarei, por que a eternidade nos espera.Ele segura
gentilmente em minha mão, me puxa para junto de si, me faz fechar os olhos,
nunca sei quanto tempo demoro pra voltar, mais quando sinto um espasmo já estou
em meu corpo novamente e abro os olhos sobressaltada, já estou de volta,
consigo sentir o quarto escuro sem ao menos abrir os olhos, consigo sentir
minha alma nesses breves segundos de infinito.
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Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las. (Voltaire)